Avião português terá estrutura produzida no Brasil, já adaptado às exigências da OTAN

A Akaer, empresa brasileira que atua nas áreas de defesa e aeroespacial, foi selecionada por companhia portuguesa para atendimento aos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

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O avião LUS-222 terá toda a estrutura fabricada pela empresa brasileira Akaer, já com especificações para a OTAN Divulgação/ Akaer
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Com sede em São José dos Campos, interior de São Paulo, a empresa brasileira Akaer, que atua nas áreas aeroespacial e defesa, foi selecionada pela portuguesa EEA Aircraft and Maintenance, para produzir as estruturas da aeronave LUS-222, já dentro das especificações feitas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A construção dos aviões será financiada com recursos do Fundo Europeu de Defesa. O bimotor terá uso tanto na área militar quanto na civil, inclusive para a vigilância aérea em Portugal. O projeto é resultado do primeiro programa aeronáutico completo português, que visa desenvolver, industrializar, operar e comercializar uma aeronave regional.

A Akaer será a primeira empresa brasileira a fornecer a estrutura total de uma aeronave de transporte regional e de cargas. Pelo contrato, a empresa ficou responsável pela fabricação de fuselagem, asa completa, estabilizadores horizontais e verticais e todas as superfícies de controle do avião.​ A produção começará no primeiro trimestre de 2025. O primeiro voo do LUS-222 está previsto para 2027.

Segundo informações da empresa brasileira, “o LUS-222 é um bimotor de asa alta com porta de carga traseira, com capacidade para transportar 19 passageiros ou até 2.000 kg de carga, podendo atuar em missões militares, de busca e salvamento, transporte e também na aviação regional".

A Akaer ressalta, ainda, que a aeronave tem "capacidade de operar em pistas curtas e não pavimentadas, sendo ideal para regiões remotas e de difícil acesso, oferecendo uma solução eficiente para diversos tipos de operações". O avião tem alcance de mais de 2.000 km e pode atingir uma velocidade de até 370 km/h”. A montagem do LUS-222 será no Aeródromo Muncipal de Ponte de Sor, Portalegre.

Vigilância aérea

Outro projeto, relacionado à aeronave, visa desenvolver e operacionalizar vigilância por satélites, por meio do Radar de Abertura Sintética (SAR na sigla em inglês), cuja finalidade é disponibilizar imagens da Terra durante a noite e por meio das nuvens.

O SAR, cujos satélites fornecem imagens com 30cm de resolução, dará apoio na gestão de emergências, providenciando os meios — até agora inexistentes — para exercer a vigilância aérea de Portugal, dia e noite, em quaisquer condições meteorológicas.

O projeto conta com a participação do Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) Aeroespacial, que surge de uma parceria entre a Força Aérea Portuguesa, o CEiiA e a Geosat. A sessão pública de apresentação do CTI Aeroespacial e a divulgação dos recentes projetos ocorreu no Comando Aéreo, em Monsanto, com a presença do Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.

Esses dois projetos, segundo nota da Força Aérea Portuguesa, dará condições para as ações do CTI Aeroespacial, atuando no sistema de defesa. “Isso vai ao encontro da reconfiguração do setor da segurança e da defesa, para o qual os países da Europa membros da NATO (OTAN) lançaram um Fundo Europeu de Defesa”, afirma o ministro.

Segundo o chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa, general João Cartaxo Alves, a meta, com o LUS-222 e o SAR, é empregar o poder aeroespacial para potencializar o cumprimento das missões atribuídas à Força, "com capacidade de monitorização que garanta o conhecimento situacional e o controle da utilização do espaço nas áreas de interesse nacional, no âmbito da segurança e defesa”.

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