Qualidade dos serviços públicos está cada vez pior, dizem portugueses

Confiança na polícia foi a mais elevada de sempre em 2023, mostra relatório do Instituto Nacional de Estatística, mas participação eleitoral bateu no fundo.

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Apreciação dos serviços de saúde pela população também entrou em queda a partir de 2021 Adriano Miranda (arquivo)
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O bem-estar dos portugueses aumentou em 2023, mas a sua opinião sobre a qualidade dos serviços públicos tem vindo a deteriorar-se de forma acentuada, tal como o seu índice de participação eleitoral. É isso que revela o mais recente relatório do Instituto Nacional de Estatística, divulgado esta segunda-feira de manhã.

A segurança pessoal, a educação, o conhecimento e a situação económica foram os factores que apresentaram evolução mais favorável. Já a conciliação entre a vida familiar e o trabalho continua em baixa desde 2010, ano em que apresentou os níveis de satisfação mais elevados.

No que diz respeito ao consumo de actividades culturais, muito embora se verifique uma recuperação em relação à época da pandemia, nunca mais voltou aos níveis de 2019.

Pela negativa merecem destaque os critérios relacionados com a participação cívica e a governação, em declínio desde 2017. É neste capítulo que se inscrevem as percepções relacionadas com a qualidade dos serviços públicos, que se encontram em queda abrupta. É preciso recuar década e meia, até 2008, para encontrar uma tal quantidade de opiniões negativas neste capítulo. Numa avaliação entre zero e cem, o resultado fica-se pelos 13 pontos, quase menos dez do que em 2022.

De salientar que este índice se encontra em declínio desde 2021, depois de um pico de apreciações mais positivas no ano imediatamente anterior, que coincide com a pandemia. É nesta tendência de queda que se inscrevem também os serviços de saúde. No que respeita à participação eleitoral, que tem vindo sempre a decrescer, “assumiu valores mínimos por comparação com o grupo de países de referência”, constata o Instituto Nacional de Estatística. Para o ano de 2023 não existem, porém, dados, uma vez que no ano passado não houve eleições.

A segurança pessoal foi o domínio com evolução positiva mais pronunciada entre os dez critérios que compõem o índice de bem-estar. “Após ter atingido dos valores mais elevados nos anos mais afectados pela pandemia, em 2022 decresce e em 2023 situa-se um pouco acima do nível de 2019”, descreve o relatório. Neste capítulo, o indicador de confiança na polícia atinge o valor mais elevado de sempre, 49,2 pontos, valor que cresce até quase aos 80 pontos, quando se fala da satisfação da população com as taxas de criminalidade registadas. Ainda assim, este último critério aparece mais vem pontuado em 2022 do que em 2023.

No que concerne ao meio ambiente, o número de portugueses que se queixa de problemas de poluição e sujidade mais do que duplica o dos que se queixam de questões relacionadas com excesso de ruído. Mas a situação já foi pior em anos anteriores. “O indicador com maior contributo na evolução positiva foi o relativo à população servida por estações de tratamento de águas residuais. Com contribuições positivas, embora menores, identifica-se a evolução de indicadores como mortes prematuras devidas à exposição à poluição do ar, as praias com Bandeira Azul e a população que reporta problemas de poluição, sujidade ou outros problemas ambientais na vizinhança da sua residência”, destaca o INE.

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