Chimamanda Ngozi Adichie, Han Kang e Selva Almada nos destaques da Leya para 2025

Despedidas impossíveis, da Nobel da Literatura 2024, sai em Janeiro.Inventário de sonhos, da escritora nigeriana, e Não é um rio, da escritora argentina, chegam em Março.

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Despedidas impossíveis, o mais recente romance da Prémio Nobel da Literatura sul-coreana Han Kang, vai ser publicado em Janeiro Adriano Miranda
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Novos livros da sul-coreana Han Kang e da argentina Selva Almada, o novo romance de Afonso Reis Cabral, após sete anos de interregno, e Ainda estou aqui, do brasileiro Marcelo Rubens Paiva, vão ser publicados pela Leya em 2025.

O planeamento editorial para o primeiro trimestre do próximo ano foi quarta-feira divulgado, em comunicado, pela Leya, que anuncia ainda a estreia da cantora e compositora portuguesa Luísa Sobral na ficção literária.

Logo em Janeiro, chega, pela Dom Quixote, o novo romance da mais recente vencedora do Prémio Nobel da Literatura, Han Kang, Despedidas impossíveis, obra que venceu no ano passado o Prémio Médicis, em França, e que transporta o leitor através de uma viagem pela Coreia do Sul contemporânea e pela sua dolorosa história.

Outra das apostas da editora é o novo romance de Selva Almada - considerada uma das mais poderosas vozes da literatura contemporânea e uma das mais conceituadas intelectuais feministas da América Latina -, intitulado Não é um rio, que foi finalista do Prémio Booker Internacional deste ano, e que chega às livrarias em Março.

Passado na Argentina rural, esta história explora a crueldade e a violência do universo masculino através dos pactos e alianças secretas entre homens, um tema de certa forma já abordado no seu único livro publicado em Portugal, Raparigas mortas, uma obra de não-ficção sobre três femicídios ocorridos no interior da Argentina na década de 1980.

No mesmo mês, a Dom Quixote publica também o novo romance da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, Inventário de sonhos, uma reflexão sobre as escolhas que fazemos, através de uma personagem que é apanhada sozinha na América pela pandemia e recorda o seu passado.

A editora destaca igualmente a estreia no mercado editorial português do escritor italiano Gianni Solla, com O Ladrão de Cadernos, e do venezuelano Rodrigo Blanco Calderón, com o seu último romance, Simpatia, em Fevereiro.

Amor Towles chega também nesse mês, com Mesa para dois, um livro que começa com um camponês chamado Pushkin, que por amor à mulher (uma deslumbrada comunista) se muda para Moscovo em 1918, para depois dar sequência a cinco histórias ambientadas em Manhattan, mas herdeiras dos clássicos russos: eivadas pela mesma deriva moral, pelo existencialismo, a duplicidade, o vício, o amor ao belo.

Ainda na ficção estrangeira, a Leya destaca os mais recentes livros do japonês Haruki Murakami, A Cidade e as Muralhas Incertas, e do espanhol Arturo Pérez-Reverte, O Problema Final, a serem publicados em Março, pela Casa das Letras e pela ASA, respectivamente.

Na literatura em língua portuguesa, um dos grandes destaques é a publicação da história autobiográfica do brasileiro Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui, pela Dom Quixote, na base do filme com o mesmo título na corrida aos Óscares do próximo ano.

A história trata da relação do autor com sua mãe, Eunice Paiva, uma advogada que se tornou activista política na sequência da prisão e desaparecimento do seu marido, pela ditadura militar brasileira (1964-1985), o que acabou por levá-la também à prisão, com uma das suas filhas.

O filme, dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres, Selton Melo e Fernanda Montenegro, está nomeado para os Golden Globe, na categoria de melhor filme em língua não inglesa, e, na terça-feira, foi apurado para finalista à nomeação para o Óscar de melhor filme internacional.

A ficção portuguesa traz em Fevereiro o primeiro romance de Luísa Sobral, Nem todas as árvores morrem de pé, uma história que atravessa a ascensão de Hitler ao poder, a Segunda Guerra Mundial, a construção do Muro de Berlim e a sua queda.

No mês seguinte, vai estar de regresso Afonso Reis Cabral, sete anos depois da publicação de Pão de Açúcar, com um novo romance, intitulado O último avô, sobre um misterioso manuscrito queimado por um octogenário, uma semana antes de morrer, que será publicado em Março.

A Editorial Caminho apresenta em Fevereiro um novo livro de Germano Almeida, Crime nas Correntes d"Escritas, o primeiro romance do até aqui conhecido apenas como poeta Paulo Teixeira, Não digas o que a baiana tem, e o regresso de Ondjaki com António Jorge Gonçalves, no livro O Tempo do Cão.

A Casa das Letras preparou para este início de ano a publicação do novo livro de Francisco Moita Flores, Agora e na hora da nossa sorte.

Na área da não-ficção, a Leya destaca o Dicionário crítico da revolução liberal, 1820-1834, coordenado por Rui Ramos, José Luís Cardoso, Nuno Gonçalo Monteiro e Isabel Corrêa da Silva, o trabalho da jornalista norte-americana Annie Jacobsen Guerra nuclear - Um cenário, e o novo livro do filósofo Alain de Botton, Uma viagem terapêutica, todos com a chancela Dom Quixote.

A ASA vai lançar o novo ensaio do italiano Antonio Scurati, Fascismo e populismo, enquanto a Lua de Papel publicará os mais recentes livros de Scott Galloway, A álgebra da riqueza, de Gabor Mate, No reino dos fantasmas famintos e, de Jordan B. Peterson, Nós, os que lutamos com Deus.

Na Casa das Letras sairá a biografia do actor que deu vida a uma das mais notáveis personagens televisivas alguma vez inventadas, o Kramer de Seinfeld: Entradas e Saídas, de Michael Richards.