Ambiente de trabalho
Como Platão nos ajuda na saúde mental no trabalho
Uma newsletter sobre trabalho, emprego, carreiras, liderança e produtividade, que não esquece as novas tendências no mercado laboral.
Ocorreu um erro. Por favor volta a tentar.
Subscreveu a newsletter Ambiente de trabalho. Veja as outras newsletters que temos para si.
Segundo um estudo recente da consultora Deloitte há uma crise global de saúde mental no local de trabalho e são os trabalhadores do sector financeiro aqueles que mais reportam que sofrem com esses problemas.
O trabalho de análise foi feito com trabalhadores do Reino Unido. Se fosse feito em Portugal, talvez os resultados fossem diferentes. Há pelo menos um trabalho sistemático que está a ser feito pelo Laboratório Português para os Ambientes de Trabalho Saudáveis (LabPATS) que aponta para os trabalhadores do sector da saúde como aqueles em que há mais queixas.
"É verdade que os dados mostram que há um agravamento desde 2019, desde antes da pandemia", reconhece Tânia Gaspar, psicóloga clínica e coordenadora do LabTAPS. "E isso é verdade para todas as faixas etárias."
Convém especificar do que falamos quando falamos de saúde mental. Não se trata de doença mental, como muita gente pensava no passado - e talvez ainda pense hoje.
A Organização Mundial de Saúde tem uma definição precisa que vai além da manifestação de sintomas como depressão, tristeza ou ansiedade. Esta definição envolve a capacidade de nos relacionarmos de forma empática e positiva, de cumprir tarefas, adoptar e seguir estilos de vida saudáveis e de lidar com acontecimentos externos, explica a mesma especialista.
"Todos nós sentimos tristeza ou ansiedade em algum momento. É natural", anota Tânia Gaspar. Aferir a nossa saúde mental tem de ir além disso, portanto.
Olhando para aqueles quatro pilares, é preciso então avaliar a intensidade, a frequência e o impacto social e ocupacional dos nossos sintomas. Para isso, alerta a coordenadora do LabPATS, é preciso investir na "literacia emocional". Trata-se de "conhecer as nossas emoções". De transformar em realidade o platónico "Conhece-te a ti mesmo", pondo as nossas emoções no contexto profissional
"Todos nós sentimentos tristeza e ansiedade. Se começa a ser uma coisa muito intensa, num domingo à noite; se sentimos que não somos capazes, mãos a suar e o coração a disparar", mesmo que não haja uma grande apresentação a fazer à equipa ou ao chefe, temos de avaliar estas emoções no contexto profissional.
Por outro lado, isto torna-se mais frequente? "Começo a estar assim todos os dias? Ao ponto de me impedir de participar numa reunião ou não ir ao trabalho?"
"Precisamos de mais literacia emocional, conhecermos as nossas emoções e perceber quais são os momentos de emoções positivas como felicidade e tranquilidade, e quais são as negativas, como a irritabilidade, em que momentos e contextos é que sentimos estas coisas. Por estranho que pareça, há muita gente que não se conhece."
Não há uma bala de prata e é preciso ter em conta que "não se fica perturbado de um dia para o outro. É um caminho."
"Infelizmente, encontro muita gente que diz estar em burnout e que vem ter comigo já tarde", recorda a mesma psicóloga clínica.
A solução passa, portanto, por trabalhar o indivíduo, mas também a organização e as lideranças, acrescenta. É preciso executar um "plano de acção" e é neste enquadramento que o LabPATS já ajudou 40 organizações portuguesas.
"Quando a cultura organizacional está mais preocupada com o bem-estar há menos riscos psicossocial, melhores resultados económico-financeiros, de satisfação do trabalhador e do cliente", prossegue. Apesar de a ciência ter reunido muitas provas de que é assim, ainda há muitas empresas, gestores e trabalhadores que as ignoram.
"As lideranças são centrais. Se o profissional se sentir envolvido, dará soluções. Se, pelo contrário, sentir que não passa de um número, não sentirá o problema como seu. As próprias lideranças são exercidas por pessoas. É preciso escolhê-las melhor, para evitar a sensação de que não são escolhidas por mérito, para evitar lideranças que actuam sob a pressão das exigências macro, as do mercado, ignorando depois as pessoas."
Recomenda-se, por isso, formação contínua e apoio às lideranças, através de treino especializado, que ajude as pessoas a reflectir, a pensarem em como gerir as situações, as emoções, acrescenta Tânia Gaspar.
Finalmente, importa conhecer os limites. E, mais do que isso, respeitá-los. "Temos uma vida para lá do trabalho."
Trabalho extra
À procura de emprego? A tua mentalidade pode estar a atrapalhar-te
Procurar emprego pode ser uma tarefa árdua, sobretudo num contexto de mudanças económicas e tecnológicas. Um obstáculo significativo que muitos candidatos enfrentam reside nas suas próprias crenças restritivas sobre o emprego. Estes pressupostos, por vezes inconscientes, podem impedi-los de adoptar estratégias e identificar oportunidades quando procuram.
Festa de Natal na empresa? O que pode fazer e o que deve evitar (se trabalhar nos EUA)
No Wall Street Journal, este artigo tenta fazer uma lista sumária de como se deve comportar nesta altura de festas, sobretudo se for a festa da empresa ou com colegas de trabalho. Beber pouco ou não beber, não flirtar com ninguém, misture-se mas não se esqueça que, mesmo fora do escritório ou da fábrica, as hierarquias existem.
A negociação deveria ser colaborativa, mas...
Sabe o que ou quanto lhe pode custar se encarar a negociação com um fornecedor, um cliente ou um empregado/chefe numa perspectiva de competição em vez de colaboração? Este artigo publicado esta semana na Harvard Business Review faz essas contas e sugere abordagens mais positivas e promissoras em termos de resultados, que pode ter em conta antes da próxima vez que se sentar à mesa das negociações.