Sempre Acompanhados: a missão em números
O programa Sempre Acompanhados, da Fundação ”la Caixa”, em parceria com o BPI, chegou a Portugal há um ano, e, desde então, já mudou a vida de centenas de seniores.
O nome do programa quase dispensa explicações: Sempre Acompanhados. Mas combater a solidão na idade sénior é o o objectivo do projecto desenvolvido pela Fundação ”la Caixa”, em parceria com o BPI. Para o conseguir, o programa promove relações de apoio e reforça as redes sociais e o sentimento de pertença dos maiores de 65 anos à sociedade. E tudo, para combater um dos maiores flagelos actuais da sociedade – a solidão que tanto se faz sentir nesta faixa etária.
O programa
Chegou a Portugal em 2023, e, desde então, já apoiou 274 pessoas. O programa Sempre Acompanhados, desenvolvido pela Fundação ”la Caixa” em parceria com o BPI, visa combater as situações de solidão nos seniores, promovendo relações de apoio e bem-estar nos maiores de 65 anos, ao mesmo tempo que os capacita para que continuem a sentir-se parte da sociedade. Para o conseguir, o programa disponibiliza uma equipa de profissionais disposta a ouvir, a falar e a dar o primeiro passo, para que sejam atingidos três objectivos principais:
- Empoderar os seniores;
- Acompanhá-los, facilitando relações de confiança, compromisso e colaboração;
- Apoiar os seniores no seu processo vital, para que tenham uma vida plena
Sempre Acompanhados: a prática no terreno
Ninguém gosta de ter de fazer coisas por obrigação, muito menos quando o intuito é criar laços e relações. É por isso que os planos de intervenção e as propostas de actividades do programa Sempre Acompanhados são personalizados, adequados ao gosto de cada um, para que possa haver uma maior adesão e os planos sejam cumpridos com (mais) vontade.
Além destes, há ainda actividades comunitárias, como excursões de grupo, workshops, actividades artesanais, palestras e encontros.
E esta forma de envolver os seniores tem surtido o efeito desejado: por cá, em apenas um ano, o programa parece ser já um sucesso, com 68,94 por cento das pessoas que participaram nele a percepcionar uma melhoria no seu estado emocional, após 6 meses de estarem no programa. Como resultado, estes seniores aumentaram a sua autoconfiança, souberam gerir melhor a solidão, sentiram melhorias no humor, aumentaram a rede social e tiveram uma maior envolvência na comunidade, o que lhes permitiu derrubar o seu pior inimigo: a solidão.
A importância deste programa
A Fundação ”la Caixa” estima que, só em Portugal, existam cerca de meio milhão de pessoas maiores de 65 anos a sofrerem de solidão. Um número assustador para uma sociedade cada vez mais envelhecida, e na qual as dinâmicas familiares tendem a mudar. Hoje, os filhos nem sempre vivem ao lado dos pais, as redes de apoio mudaram, e os vizinhos, sobretudo nas grandes cidades, nem sempre estão disponíveis. Por isso, torna-se cada vez mais importante a existência de programas como o Sempre Acompanhados, que permite a cada idoso estar integrado na sociedade, estabelecer objectivos, ouvir uma palavra amiga que possa confortar, acolher e apoiar. É que durante a velhice, o número de relações pessoais tende a diminuir, ora por perda nas relações e transições de vida (como a reforma ou a viuvez), ora porque nesta altura nos podemos sentir mais frágeis física e emocionalmente. E é aqui que bate à porta a solidão, para uma relação pouco (ou nada) afectuosa.
Ao tentar combater esta solidão, o Sempre Acompanhados incentiva também a sociedade a olhar pelo outro: “Prestar atenção ao que nos rodeiam, falar com os vizinhos que encontramos todos os dias, observar aqueles sinais que muitas vezes passam despercebidos, mas que demonstram que a pessoa próxima de nós sofre de solidão. Perceber a solidão perto de nós, e também em nós mesmos, é o primeiro passo para que a solidão deixe de ser invisível”, lê-se no site do programa.
(In)Formar os profissionais
Do Programa Sempre Acompanhados faz ainda parte um conjunto de ciclos de formação para profissionais. Co-organizados pela direcção científica do programa em Espanha juntamente com a consultoria científica da equipa em Portugal, estes ciclos de formação têm como públicos-alvo profissionais do âmbito social, saúde, idosos e voluntários de entidades públicas que trabalham com seniores, assim como profissionais de outros âmbitos.
Nestes ciclos, abordam-se temáticas relacionadas com a solidão não desejada e os impactos que esta pode ter na vida das pessoas, sempre com o objectivo de dar a conhecer uma visão complexa da solidão; estudar a relação entre a solidão e a saúde física, cognitiva e emocional; aprofundar uma avaliação da solidão; bem como apresentar diferentes tipos de intervenção em solidão.
Com estes ciclos, a Fundação ”la Caixa”, em parceria com o BPI, pretende informar e formar quem mais lida de perto com uma faixa etária tantas vezes esquecida pela sociedade: os maiores de 65 anos.