Sobe para 5 o número de mortos de ataque em mercado de natal na Alemanha. Há 86 hospitalizados
Autor do ataque, um médico da Arábia Saudita na casa dos 50 anos, agiu sozinho e foi detido. Autoridades terão encontrado um engenho explosivo no interior da viatura.
Pelo menos cinco pessoas morreram e 205 ficaram feridas, cerca de 41 em estado grave, depois de um automóvel ter atropelado uma multidão num mercado de Natal na cidade de Magdeburgo, no Leste da Alemanha, na sexta-feira. Esta é já a terceira actualização feita aos números do ataque, desta feita avançada por um responsável estatal citado pela agência Reuters. Antes, a informação actualizada na manhã deste sábado tinha partido do jornal alemão Bild e da emissora regional germânica MDR, que citavam fontes das fontes das autoridades locais e da polícia.
Neste momento, 86 pessoas estão hospitalizadas na sequência de ferimentos provocados por este ataque, com o número de feridos a ultrapassarem os 200.
Na imprensa alemã circularam números diferentes sobre o número de vítimas, com a Der Spiegel a ser a primeira a indicar que o número de mortos tinha subido para cinco.
As autoridades alemãs já tinham avisado que o número de vítimas deveria continuar a aumentar à medida que a contabilização oficial ia sendo feita. Logo após o ataque, os jornais alemães davam conta de pelo menos 11 mortos, mas o balanço oficial, avançado então pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, era de duas vítimas mortais, uma destas uma criança. Neste momento ainda não foi divulgado um novo balanço oficial.
O incidente aconteceu cerca das 19h locais desta sexta-feira (18h em Portugal continental) e o autor do ataque, um médico da Arábia Saudita na casa dos 50 anos, foi detido no local. O indivíduo, que conduziu cerca de 400 metros no mercado, atingido inúmeras pessoas, agiu sozinho. A MDR avança ainda que terá sido encontrado um engenho explosivo na viatura utilizada no ataque.
Scholz referiu que "não se pode descartar a possibilidade de existirem mais mortos", já que o número de feridos graves é elevado. "Isto é uma horrível tragédia", referiu. O chefe do governo estadual da Saxônia-Anhalt, Reiner Erich Haseloff classificou o ataque como uma "tragédia terrível. "É uma catástrofe para a cidade de Magdeburgo, para o estado e para a Alemanha em geral", disse.
Imagens do local partilhadas por testemunhas nas redes sociais mostravam dezenas de vítimas caídas no chão, a receber assistência médica. O recinto do mercado, onde centenas de pessoas se tinham reunido para conviver nos dias que antecedem o Natal, encontra-se cercado pela polícia e com dezenas de veículos de emergência médica no local. A organização do evento, através das redes sociais, apelou ao público para abandonar a zona do recinto para permitir o trabalho das equipas de socorro.
Segundo escreve o The Guardian, o autor do ataque vivia na Alemanha desde Março de 2006 e era consultor na área de psiquiatria e psicoterapia. Foi-lhe concedido o estatuto de refugiado em Julho de 2016.
Uma testemunha ocular, citada pelo Bild, refere que viu o seu namorado, que ficou ferido na cabeça e numa perna, a ser arrastado quando o carro avançou em direcção à multidão. “Ele foi atingido pelo carro e arrancado de mim. Foi terrível. Ninguém gritou. Eu nem sequer ouvi o carro. Não sabemos para que hospital é que ele foi levado. A incerteza é insuportável”, referiu Nadine, de 28 anos.
Segurança nos mercados tinha sido reforçada
Minutos antes de fazer um balanço do número de feridos e vítimas mortais, Olaf Scholz escreveu na rede social X (antigo Twitter) que as primeiras informações sugeriam "algo de mau". "Os meus pensamentos estão com as vítimas e com as suas famílias", disse. Scholz vai visitar a região já este sábado.
“As fotos de Magdeburgo deixaram-me profundamente abalada. Para as famílias e amigos que queriam passar tempo juntos no mercado de Natal, nada é como antes. As minhas mais profundas condolências estão com as vítimas e os seus entes queridos”, escreveu, também no X, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, agradecendo ainda às equipas de emergência que estão a trabalhar no local.
O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que nesta altura estaria a preparar o seu discurso de Natal à nação, disse num comunicado que "a expectativa de um Natal tranquilo foi repentinamente interrompida pelos relatos de Magdeburg".
Também António Costa, presidente do Conselho Europeu, disse estar chocado com o atropelamento na Alemanha. “Estou chocado com as notícias horríveis de Magdeburgo. Os meus pensamentos estão com as vítimas e as suas famílias”, escreveu Costa, na rede social X, acrescentando que “a União Europeia está solidária com a Alemanha”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro português também já condenaram o atropelamento mortal e expressaram solidariedade para com os alemães. “Expresso solidariedade ao povo alemão e ao chanceler Sholz. Sentidas condolências às famílias das vítimas e votos de recuperação aos feridos”, referiu Luís Montenegro. Num nota, Marcelo manifestou "a sua profunda consternação perante o ataque horrendo num mercado de Natal em Magdeburgo, na Alemanha, e reitera o repúdio de toda a violência contra civis”.
Outro mercado de Natal, na cidade de Erfurt, no estado alemão da Turíngia, foi evacuado por precaução, apesar de “nenhuma evidência concreta" apontar para uma situação de perigo iminente, avançou a emissora MDR.
O ataque desta sexta-feira apresenta paralelos com a acção terrorista levada a cabo a 19 de Dezembro de 2016, em Berlim, em que um camião atingiu dezenas de pessoas num mercado de Natal, causando 12 mortes. No mesmo ano, 86 pessoas morreram num atropelamento em massa em Nice, no Sul de França.
O passado recente e a existência de informações dos serviços de inteligência a indicar a possibilidade de novos actos terroristas tinham levado a um reforço dos mercados de Natal germânicos, com as autoridades a estabeleceram perímetros de segurança à volta dos mesmos, incluindo com recurso a barreiras de betão e arame farpado. Magdeburgo, uma cidade localizada a oeste de Berlim, é a capital do estado da Saxónia-Anhalt e tem cerca de 240 mil habitantes.
Notícia actualizada às 12h22 de sábado, 21 de Dezembro: aumentada contagem de vítimas mortais para cinco