"Na Índia isto é o dia-a-dia: as políticas do amor", diz Payal Kapadia. "Por isso passam os meus amigos, é isso o que leio nos jornais. Sempre. A identidade é um grande tema na Índia. E logo que duas pessoas se apaixonam isso irrompe imediatamente. Porque somos um país em que as relações não são algo de casual. Estar com alguém depende sempre da família, do que a família acha. A família é muito importante. Fundamentalmente, tem que ver com a casta. Porque quando alguém se casa fora da sua casta, perde-a. Logo, o casamento é uma forma de perpetuar privilégios de casta. Isso tem que ver com uma parte muito profunda da nossa sociedade. E, no fim de contas, é uma forma de controlar as mulheres. Acontece que os jovens se apaixonam, querem ter um romance, mas têm este peso social enorme sobre as suas cabeças. É horrível, não é justo."

Tudo o que Imaginamos como Luz é um filme "musical" sobre as "políticas do amor". Com ele, a indiana Payal Kapadia venceu o Grande Prémio em Cannes 2024; com ele, foi apelidada de next big thing. Um dos melhores de filmes de 2024 (surge em 7.º na nossa lista), chegou esta semana às salas de cinema portuguesas. Vasco Câmara entrevistou Payal Kapadia. E dá quatro estrelas ao filme.

 
           
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          Margarida Montenÿ vence Prémio Jovens Artistas Coliseu Porto Ageas

A jovem acrobata aérea e performer foi a grande vencedora da edição deste ano do Prémio Jovens Artistas Coliseu Porto Ageas, dedicado às artes circenses.

         
           
 

Era uma história por contar. Calafonas, Music from the Azorean and Portuguese Diaspora 1970s-1980s reúne música de dança feita por emigrantes açorianos. Podemos agradecer ao micaelense DJ Milhafre.

A palavra italiana rombo designa um som que prenuncia um tremor de terra. Serve à escritora alemã Esther Kinsky para criar um romance de grande sensibilidade e precisão. Rombo, o livro, vem a tempo de ser um dos grandes títulos de 2024 em Portugal.

A Década Prodigiosa — Crescer em Portugal nos Anos 80 é um retrato desassombrado de uma década que mudou Portugal. Da música à TV, passando pela política — e, sobretudo, pelo tecido social do país. Escreveu-o Pedro Boucherie Mendes.

Nesta edição, temos também Nicholas Nixon em modo retrospectivo, no Centro Cultural de Cascais. As irmãs Brown não podiam faltar, sobretudo agora que um ritual fotográfico com 48 anos acabou. Uma entrevista imperdível, conduzida por Sérgio B. Gomes.

Também neste Ípsilon:

— Exposições: Jean Painlevé na Culturgest Lisboa;

— Música: o regresso dos portugueses Jibóia e Bodhi; crítica ao novo disco dos Memorials;

— Cinema: crítica a Jurado n.º 2, de Clint Eastwood; e um balanço do cinema português em 2024 por Daniel Ribas (com espreitadelas para 2025).

E não só. Boas leituras!


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