João Pereira leu bem o jogo, mas foi insuficiente para o Sporting em Barcelos
Com este empate, o Sporting regressa ao primeiro lugar da I Liga, mas pode ser ultrapassado pelos benfiquistas.
Em Barcelos, no 0-0 frente ao Gil Vicente, o Sporting teve 45 minutos de pouca mobilidade, poucas soluções e pouca capacidade de criar perigo. Ao intervalo, João Pereira foi sagaz a resolver um par de problemas, mas isso não foi suficiente – os largos minutos “oferecidos” fizeram falta numa fase em que a equipa estava bem melhor, mas com pouco tempo.
E o valor de 1,19 golos esperados (métrica que mede a probabilidade de sucesso das finalizações) visto neste domingo não é, em todo o caso, um número que impressione, mesmo com a melhoria após o intervalo.
Com este resultado, o Sporting regressa, ainda assim, à liderança da I Liga, igualando os 37 pontos do FC Porto. Fica, agora, à mercê do Benfica, que joga nesta segunda-feira.
Jogo de pares
O Gil Vicente levou a este jogo um 4x3x3 que era quase sempre um 5x2x3, porque Gbane, sem bola, jogava sempre entre os centrais, bem atento a Gyökeres.
A equipa minhota não fez propriamente uma marcação homem a homem a campo inteiro, mas havia claro apreço pelas referências individuais, até pelo jogo de pares ser fácil de encaixar entre o 5x2x3 e o 3x4x3 “leonino”.
O Sporting foi bastante incapaz de criar futebol ofensivo, em boa parte porque houve muito pouca movimentação dos jogadores – e ainda não há muitas formas mais eficazes de desmontar referências individuais do que alterar essas referências.
Os centrais do Gil tinham ordem para “apertarem” Trincão, Harder e Gyökeres quando algum dos atacantes pedia bola em apoio, bem como os laterais para caírem em Quenda e Maxi.
O Sporting não tinha, assim, grandes vias de saída, a não ser que promovesse alterações posicionais que obrigasse os jogadores do Gil a fazerem escolhas – manterem o seu jogador ou terem de coordenar-se com colegas em trocas defensivas.
Gyökeres adormecido
O Gil entusiasmou-se um par de vezes na pressão mais alta e numa delas, aos 17’, essa subida permitiu a Gyökeres pedir a bola no espaço e criar perigo com um remate ao lado. O Sporting ainda teve mais um lance interessante, numa das raras ocasiões em que rodou a bola rapidamente de um lado ao outro, mas foi curto.
João Simões também não estava a facilitar o jogo “leonino” – por diversos passes falhados, mas também pela incapacidade de aparecer uns metros mais à frente, obrigando os centrais adversários a comprometerem-se com o portador da bola.
Também a falta de um pé esquerdo na construção pareceu ter “empenado” um pouco as possibilidades de passes verticais.
Matheus Reis ajudou
João Pereira não viu o primeiro problema como prioridade, mas achou isso do segundo – e lançou Matheus Reis ao intervalo, com a ideia de que mexer na defesa pode ajudar a mexer no ataque.
Além dessa nova via de saída com Matheus Reis – e com Debast mais confortável à direita –, o Sporting surgiu com a tal dinâmica que parecia faltar. Gyökeres saiu muito mais da posição na zona central e Harder fez o mesmo na esquerda, arrastando defensores para fora das suas zonas.
Isso criou lances de perigo com Gbane menos confortável contra Gyökeres, que criou um trio de lances na meia-direita, depois de meio jogo parado na zona central, e com Harder a cabecear na zona central, área por onde ainda não tinha passado.
Aos 78’, essa predisposição para os jogadores surgirem noutras zonas deu um penálti assinalado sobre Debast, quando o belga surgiu como um extremo na área – decisão revertida com ajuda do VAR.
Nessa fase, Catamo também já estava em campo a fazer bem mais do que Quenda, mas não foi suficiente e o Sporting de João Pereira voltou a tropeçar. E, desta vez, pode causar ferida com a perda da liderança da I Liga.