Vinhos para a época festiva, escolhidos pela sommelière Nádia Desidério

Nádia Desidério, sommelière e directora do bi-estrela Michelin Belcanto, do chef José Avillez, ajuda a escolher vinhos para o Natal e a passagem de ano.

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Nádia Desidério é sommelière e directora do restaurante Belcanto (Lisboa), detentor de duas estrelas Michelin.
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Servir “é uma experiência que deve ser partilhada, uma ligação que se estabelece entre quem recebe e quem é recebido”. Ou, por outras palavras, “vai além do simples acto de servir”. É nisto que acredita Nádia Desidério, sommelière e directora do Belcanto, o restaurante onde o chef José Avillez detém duas estrelas Michelin, que é também o único representante português na lista “The World’s 50 Best Restaurants”, na 31.ª posição.

Nádia entrou para esta casa no Chiado como estagiária, há coisa de uma década, por volta da altura em que o Guia Vermelho atribuída a preciosa segunda estrela.

Entre a hospitalidade e o mundo dos vinhos, ambos parte do seu percurso formativo, Nadia Desidério parece optar por não optar, assumindo-se apaixonada por ambas as vertentes do seu trabalho. Porém, o vinho fascina-a, e dedica-lhe boa parte do seu tempo, incluindo durante as folgas, pela sede de conhecimento e de “sentir e viver o que torna cada garrafa única”.

Numa curta troca de e-mails, pedimos-lhe algumas sugestões de Vinhos Verdes para acompanhar a época festiva.

Perante a empreitada da mesa natalícia, que Vinho Verde serviria em jeito de aperitivo?

Recomendaria o Aphros Loureiro 2023, que é um projecto renovador na região dos Vinhos Verdes. Um vinho fresco e convidativo, carregado de aromas de fruta cítrica e com uma boa carga mineral. A casta loureiro é conhecida pela sua frescura, acidez equilibrada e aromas delicados. Por ter esta leveza, funciona muito bem como aperitivo para espicaçar o apetite e para iniciar uma refeição.

No Natal, polvo também é realeza, seja cozido com todos, seja nos filetes do dia seguinte. Como acompanhá-lo?

O polvo ficaria lindamente com o Granito Cru Alvarinho do produtor Luís Seabra, um vinho com mineralidade marcada, fresco, equilibrado, com volume e grande profundidade, madeira bem integrada, mas quase imperceptível, que pode ligar bem se for um polvo à lagareiro, visto que os Vinhos Verdes tendem a ter uma acidez marcada e complementam bem preparações ricas em azeite.

Vamos precisar de um vinho que possa equilibrar a textura e intensidade do prato sem sobrecarregar o paladar.

Para quem não for fã de bolhinhas, o que recomenda para empurrar as 12 passas da passagem de ano?

Quem não for fã de bolhas pode comer as passas com um Anselmo Mendes Curtimenta, que é um vinho amplo e envolvente, sendo um “vinho laranja” com estágio em barrica. Como as passas têm um sabor doce e concentrado devido ao processo de desidratação das uvas, necessitam de um vinho com mais corpo e complexidade, que é o caso do vinho de curtimenta e pode criar um contraste interessante entre a acidez e doçura das passas.

Depoimento recolhido e editado por João Mestre

As escolhas de outros sommeliers para a época:


Este artigo foi publicado na edição n.º 14 da revista Singular.
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