Vinhos feitos de memórias e afectos
Na época festiva, o nome Ermelinda Freitas é uma presença habitual em muitas mesas, mas nem só de Setúbal se fazem os vinhos da marca.
É em Fernando Pó, em Palmela, que estão plantados os vastos hectares de vinhas que são o coração da Casa Ermelinda Freitas. Com mais de 100 anos de história, esta casa familiar preserva as suas raízes na Península de Setúbal, mas também tem procurado reinventar-se, apostando em outras regiões vitivinícolas, como a dos Vinhos Verdes e o Douro. "Somos uma casa em constante evolução e dinamização", sublinha Leonor Freitas, rosto da marca e sócia-gerente do Conselho de Administração da Casa Ermelinda Freitas. Razão para que tenham tomado uma opção estratégica: "alargar o nosso portefólio de modo a poder oferecer aos nossos clientes mais opções de escolha”, explica a responsável.
Novos Horizontes: Vinhos Verdes e Douro
A recente expansão para novas regiões é uma aposta na diversificação. Na Quinta do Minho, na Póvoa de Lanhoso, a Casa Ermelinda Freitas encontrou o terroir ideal para produzir vinhos frescos e leves, dominados pela casta Loureiro, típica do Alto Minho. "Os Vinhos Verdes são diferentes do que podemos fazer em Setúbal: mais frescos, com uma elegância natural proporcionada pelas castas e pelo clima", apresenta Leonor Freitas.
No Douro, em Vila Nova de Foz Côa, a histórica Quinta de Canivães permitiu à marca explorar vinhos de altitude, com grande potencial de envelhecimento, onde predominam as castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. A aquisição da quinta, em 2018, foi a concretização de um sonho de longa data [de Leonor]. "Queremos ter sempre os melhores vinhos de modo a poder presentear os nossos consumidores com o melhor que se pode fazer nas três regiões onde estamos presentes", acrescenta a herdeira da marca.
Setúbal no ADN da marca
No entanto, é em Setúbal que está o centro nevrálgico da produção da Casa Ermelinda Freitas. Com 550 hectares de vinhas plantadas em solos arenosos, a região é privilegiada pela combinação de brisas fluviais e verões secos, criando as condições ideais para a maturação das uvas. É a Castelão que predomina, mas há outras 29 variedades de castas que contribuem para diversidade da produção (que tem alcançado cerca de 20 milhões de litros de vinho por ano).
Desde 1997, quando lançou a sua primeira marca própria, que a Casa Ermelinda Freitas conquistou mais de dois mil prémios nacionais e internacionais. Este percurso de sucesso é, em grande parte, atribuído à parceria entre Leonor Freitas e o enólogo Jaime Quendera.
Enoturismo para uma experiência completa
Desde Novembro que o novo espaço de enoturismo, que inclui loja e uma antiga adega, agora renovada e baptizada de Casa de Memórias e Afecto, proporciona uma experiência completa. ”Queremos poder dar a quem nos visita uma experiência, criar memórias, partilhar este local que, para nós, é tão importante e que tantas memórias e afectos nos traz", diz Leonor Freitas.
Durante as visitas guiadas (desde dez euros/pessoa), é possível explorar a vinha pedagógica, que destaca as 30 castas plantadas na propriedade, e observar todas as fases de produção do vinho. Um dos pontos altos é também a Sala de Ouro, onde estão expostos os troféus que testemunham a excelência dos vinhos da casa. Outra atracção é a parede de aromas, que oferece uma experiência sensorial única, permitindo identificar os principais elementos olfactivos presentes nos vinhos.
O percurso culmina na Casa de Memórias e Afectos, uma antiga adega familiar que preserva utensílios agrícolas, lagares e fotografias que contam a história da família e da produção de vinho na região. "Estamos aqui para contar histórias, criar memórias e brindar aos melhores momentos", conclui a herdeira Leonor Freitas.