Para “arriscar e desafiar”, Moscavide recebe o Festival Irreverente
Com a ambição de ser irreverente, o festival começa esta terça-feira. “A irreverência é a maneira pela qual nos relacionamos com a improvisação nas artes e como abordamos o tema do festival”, explica ao PÚBLICO a artista Luana Proença.
Com o improviso como mote e a irreverência como espírito, o Festival Internacional de Improviso Irreverente arranca, esta terça-feira, no Centro Cultural de Moscavide.
É um festival destinado a todas as pessoas que queiram “arriscar, desafiar e ser desafiadas”, sublinha André Sobral, um dos artistas responsáveis, em conversa com o PÚBLICO.
Durante cinco dias, aquele que se descreve como “o primeiro festival internacional”, em Portugal, dedicado à improvisação em várias artes — o Espontâneo, em Sintra, dedica-se apenas ao teatro — vai contar com 17 espectáculos, levados a cabo por artistas de 12 nacionalidades diferentes, mas também workshops, mesas de debate, convívios e até mesmo passeios turísticos.
“O que sentimos falta foi que houvesse um festival internacional que unisse não só o teatro do improviso, mas como todas as áreas do improviso”, explica André Sobral.
A irreverência no improviso
A ideia partiu do improvisador em conjunto com a artista brasileira Luana Proença. Estavam à procura de “algo diferente, novo, arrojado e desafiante” — daí o nome do festival, justifica Sobral. Ao PÚBLICO, Luana Proença desconstrói o nome do evento, definindo “a irreverência [como] a maneira pela qual nos relacionamos com a improvisação nas artes e como abordamos o tema do festival”.
E para alguém ser irreverente basta começar por explorar “algo desconhecido”, elucida André Sobral, cujas expectativas são de que o festival seja capaz de “trazer ao de cima a irreverência de cada pessoa”. Luana acredita que isso só é possível quando se “questiona o que fazemos, para nos actualizarmos”. É a partir desse questionamento e coragem para mudar que se pode “quebrar padrões”, explica.
No festival, esse espírito pode ser desenvolvido através das mais diversas actividades, cuja temática central vai ser o impulso. O Irreverente vai contar não só com quatro espectáculos de improviso por dia, como também com workshops, em inglês e em português, que vão da dança e do teatro à escrita criativa, incluindo ainda musicais da Disney, entre outras actividades para amadores e profissionais.
Mas e onde está o improviso nisso tudo? Para André Sobral, a arte é mais do que aquilo que parece a um primeiro olhar: “O improviso é o bocadinho de vida que tem em si, o que é que o indivíduo conhece, o que é que gosta e depois isso traz para o palco”. Já Luana Proença nota a plateia como um dos principais factores distintivos da improvisação. “Aquela intimidade com aquele público é só com aquele público, o próximo espectáculo não tem como repetir aquela experiência de forma alguma”, assinala.
A artista contesta ainda a associação que se faz da improvisação à falta de qualidade. Para Luana, o objectivo passa, sobretudo, por “explorar o momento presente”. A qualidade é outra questão, considera, que não está dependente do momento que se procura focar.
Quanto ao Festival Irreverente, as expectativas são moderadas, mas Luana diz, num tom risonho, que “quer o mundo” e aponta a uma edição por ano. Para fazer parte do festival e tentar arriscar ser irreverente, basta seguir o apelo de André Sobral e comprar os bilhetes através do site oficial: “Venham ao teatro, venham falar connosco, façam parte da nossa comunidade, não só aprendam connosco como nos ensinem e vamos criar algo diferente e novo”.
Texto editado por Carla B. Ribeiro