Palcos da semana: jazz, BD e cinema documental à luz de um Crocodile Club

Os próximos dias trazem concertos dos Crystal Fighters, Outono em Jazz, DocLisboa, uma nova peça da Oficina e banda desenhada na Amadora.

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O vibrafonista Eduardo Cardinho leva Not Far From Paradise ao Outono em Jazz Sebas Ferreira
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Os Crystal Fighters tocam Light+ em duas datas DR
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A peça Crocodile Club estreia-se em Guimarães,A peça Crocodile Club estreia-se em Guimarães Bruno Simão,Bruno Simão
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O cinquentenário do 25 de Abril ajuda a desenhar 35.º Amadora BD DR
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Sempre, filme de Luciana Fina, na abertura do 22.º DocLisboa DR
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Jazz com a matéria em dia

Na Casa da Música, o cair das primeiras folhas dá o sinal para o soar do Outono em Jazz, um ciclo tradicionalmente luxuoso, habitualmente convidativo para consagrados e novos talentos, e “sempre predisposto a revelar novas explorações da matéria sonora, venham elas de onde vierem”, esclarece a nota de intenções.

As desta edição assentam em discos recentes, sejam as novas explorações de Sérgio Carolino (tuba) e Telmo Marques (piano) enquanto Duo XL, o Vagar do compositor e saxofonista Carlos Martins a encontrar o cante pelo caminho, a harmonia traduzível do álbum Umoja de Nicola Conte, o vibrafonista Eduardo Cardinho Not Far From Paradise ou o acordeão de João Barradas a estrear Aperture.

Também marcam presença Àbáse e Sera Kalo (em representação da compilação lançada pelo festival berlinense XJazz!), o duo poético-musical de Vera Morais e Hristo Goleminov, a big band belga Flat Earth Society com The One, o Trespass Trio ao embalo de Live In Oslo (com Susana Santos Silva) e, vindos do Brasil, a guitarra de Chico Pinheiro e a junção inédita dos mestres Cristóvão Bastos (piano), Jorge Helder (contrabaixo) e Ricardo Silveira (guitarra) em trio.

À luz dos Crystal Fighters

Recuperado da malária que contraiu no Gana e que obrigou a adiar a digressão que passaria por Portugal no início de Fevereiro, Sebastian Pringle está agora pronto a regressar a Portugal com os seus Crystal Fighters, para duas datas à luz de Light+ (2023), o quinto álbum.

A banda sempre se distinguiu por fazer a festa num terreno de fusão onde as electrónicas se encontram com guitarradas e a txalaparta basca. Com o novo disco, apresenta-se simultaneamente renovada – o espectro vai “da rave à pop tropical, de toques de cumbia às melodias pop deliciosas”, descreve a nota de imprensa – e religada às raízes e às razões de ter começado a fazer música, para que “as pessoas dançassem nos nossos concertos”, recorda o vocalista.

Terror ao extremismo

No ano em que celebra o 30.º aniversário, o Teatro Oficina abre um Crocodile Club. Escrito e encenado por Mickaël de Oliveira (o director em funções), corresponde a mais uma manifestação das preocupações políticas que tem revelado nos últimos anos. E a mais uma investida às “fantasmagorias” a que recorreu, por exemplo, em Festa dos 15 Anos.

A observação de um cenário político em que levedam populismos e ascende a extrema-direita é a motivação para voltar a mobilizar os códigos do cinema de terror. Face a esses movimentos que, segundo a companhia vimaranense, “procuram manipular a insatisfação e acicatar o medo”, urge “voltar àquilo que nos faz arrepiar, ao que nos assusta”, justifica Oliveira.

Neste contexto – e no interesse do confronto da “dimensão do afecto com a ideológica” –, a dinâmica desenvolve-se entre um grupo de amigos que se reúne para um retiro de fim-de-semana. Quem lhes dá vida e medo são os actores Afonso Santos, Bárbara Branco, Beatriz Wellenkamp Carretas, Fábio Coelho, Gabriela Cavaz, Luís Araújo e Inês Castel-Branco.

De Humanidade à banda

De um lado, um sexagenário chamado Daredevil saído das pranchas da Marvel. Do outro, também já com 60 anos, Mafalda, a pequena contestatária que Quino criou. Entre estas duas efemérides, uma retrospectiva do brasileiro Marcelo D’Salete, a Trilogia de Nova Iorque pelo olhar do franco-canadiano Mikäel, o premiado O Mundo de Elviro de Paulo J. Mendes e dedicatórias a Nuno Saraiva, a Cristina Sampaio e aos muitos cartoonistas que publicaram n’A Bola.

São alguns dos traços do 35.º Amadora BD, que se desdobra num total de 15 exposições ligadas pela Humanidade como tema e abraçadas pelos valores emanados pelo cinquentenário do 25 Abril. Oficinas, encontros com autores (mais de uma dezena), sessões de autógrafos, debates e visitas guiadas também desenham o programa.

A documentar, hoje e sempre

Também o 22.º DocLisboa lembra a Revolução dos Cravos, desde logo na sessão de abertura, a olhar para Sempre, o filme que a italiana Luciana Fina realizou a partir do arquivo da Cinemateca. No encerramento, o tom muda para “uma espécie de comédia romântica involuntária” assinada pelo brasileiro André Novais Oliveira e intitulada O Dia Que Te Conheci.

Esta edição do festival de cinema documental, a primeira sob a direcção da mexicana Paula Astorga, é dedicada à memória de Augusto M. Seabra (1955-2024) e soma 183 filmes de 55 países, com direito a 28 estreias mundiais e 30 títulos portugueses em cartaz.

Competições à parte, sobressaem filmes como Dahomey de Mati Diop ou Lula de Oliver Stone, a retrospectiva Back to the Future e outra dedicada ao mexicano Paul Leduc, e uma secção Heart Beat habitada por vultos como Peaches, Blur, Bruce Springsteen ou François Truffaut.

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