Palcos da semana: o clima, a Escritaria, Weerasethakul e outras artes

Arnaldo Antunes numa Escritaria, mestres venezianos na Gulbenkian, o Hotel Europa numa Urgência Climática, cineconcertos em Setúbal e A Conversation with the Sun marcam a agenda dos próximos dias.

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A Urgência Climática do Hotel Europa chega a Lisboa João Mariano
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Arnaldo Antunes, o homenageado do 17.º Escritaria José de Holanda
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A Conversation with the Sun, de Apichatpong Weerasethakul, em estreia nacional no Rivoli Shun Sato
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O Bucentauro, de Giovanni Antonio Canal, uma das obras a ver em Veneza em Festa. De Canaletto a Guardi Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid
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O Barão Aventureiro, de Karel Zeman, entra no Film Fest - Festival de Cinema Musicado ao Vivo DR
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Clima de urgência

A companhia Hotel Europa habituou-nos a esperar peças politicamente engajadas, com histórias pessoais reveladoras de grandes temas como ditadura, colonialismo ou movimentos migratórios. Um grande tema volta a estar em cena. Mas não é altura de esperar; é altura de Urgência Climática.

O megafone cai agora nas mãos de jovens activistas pelo clima, convidados a partilhar “o início das suas lutas, as motivações, o que mudou nas suas vidas, como vivem, o que fazem, o que querem e com o que sonham”, detalha o grupo.

Criada por André Amálio e Tereza Havlíčková, em parceria com os activistas-intérpretes Andreia Galvão, João Oliveira, Matilde Graça, Yolanda Santos e Vicente Silvestre, chega a Lisboa depois de uma primeira apresentação site-specific, em Julho, no Teatro da Palha, em Aljezur. O movimento segue depois para Viseu e Coimbra, a 22 de Novembro e 22 de Março, respectivamente.

Escritaria por Arnaldo

A música e as letras voltam a dar as mãos no festival literário Escritaria, com a dedicatória da 17.ª edição a ser dirigida ao brasileiro Arnaldo Antunes e ao seu talento espraiado pelos livros, pelas pautas (a solo, nos Titãs, nos Tribalistas…) e por outras artes.

Por Penafiel passam Adriana Calcanhotto em palco e a apresentar a antologia poética Quase Tudos, Marisa Monte numa conversa-concerto, Valter Hugo Mãe como moderador, o musicólogo Ivan Lima Cavalcanti num debate sobre O Brasil antes e depois de Arnaldo Antunes, Márcia Xavier numa performance que é um Pequeno Abismo, Adolfo Luxúria Canibal e Rui Reininho a trocarem impressões em que A poesia resiste

E ainda Martim Sousa Tavares, Luísa Sobral, Samuel Úria, Mundo Segundo e Márcia entre os autores-artistas chamados a alimentar “um vasto programa” que, garante a organização, “espelha o carácter multidisciplinar” do homenageado. No final, será o próprio a despedir-se com Lágrimas no Mar, em dupla com o pianista Vítor Araújo.

Weerasethakul, virtualmente

É favor colocar os óculos de realidade virtual, convocar o imaginário de Apichatpong Weerasethakul e enveredar por uma espécie de sonho colectivo que dá “as boas-vindas a um espaço-tempo completamente novo”.

Assim se apresenta A Conversation with the Sun, a exposição/instalação/performance que o Porto acolhe em estreia nacional. É mais um objecto inclassificável do premiado cineasta tailandês que, além de voz singular da sétima arte, se tem afirmado, cada vez mais, noutros campos artísticos.

Depois de Fever Room, a sua primeira investida ao palco, que Lisboa testemunhou no Temps d’Images 2016 (ano em que também viu Liquid Skin, a meias com Joaquim Sapinho, no MAAT), Weerasethakul assina este pedaço de poesia visual que brota do encontro da memória com a tecnologia, da realidade filmada com a imaterialidade dos espectros de inteligência artificial, do pendor onírico com a banda sonora de Ryūichi Sakamoto.

De Veneza, com mestria

A Gulbenkian prepara-se para levar os visitantes por Veneza em Festa. De Canaletto a Guardi. Habitada por grandes mestres da pintura veneziana do século XVIII, a nova exposição “testemunha a atracção irresistível que esta cidade milenar e a sua espectacular cenografia arquitectónica despertaram nos artistas ao longo dos séculos”, explica a nota de imprensa.

Além de Giovanni Antonio Canal (mais conhecido como Canaletto) e Francesco Guardi, conta com quadros de artistas como Bernardo Bellotto, Giambattista Tiepolo ou Michele Marieschi. No total, reúne mais de 50 obras.

Nasce de mais uma colaboração do museu lisboeta com o madrileno Museo Thyssen-Bornemisza (da qual já resultara, em 2009, uma grande mostra da obra do pintor francês Henri Fantin-Latour), para onde seguirá no início do ano que vem. Às pinturas juntam-se gravuras, livros, têxteis, uma escultura de Corradini e ainda um modelo do bucentauro, o galeão veneziano representado, por exemplo, por Canaletto.

Eisenstein, Zeman e outras vidas

Imagine-se o tom de Ressaca Bailada do Expresso Transatlântico aplicado a três filmes rodados no México dos anos 1930 por Sergei Eisenstein. Não é invenção: é a abertura da sexta edição do Film Fest - Festival de Cinema Musicado ao Vivo, certame sadino onde a música não só acompanha filmes que, na verdade, “nunca foram pensados para serem vistos em silêncio” (palavra da autarquia, mentora da iniciativa), como é criada para a ocasião.

No cartaz deste ano destaca-se também a aparição do concelho anfitrião na tela, em filmes que a Cinemateca (uma das parceiras do festival) digitalizou recentemente e que aqui são exibidos com banda sonora original composta e tocada por Pedro Caldeira Cabral.

Outros momentos a não perder são as primeiras obras de Roman Polanski musicadas pela polaca Ludwik Sarski Orchestra e o cineconcerto em torno d’O Barão Aventureiro de Karel Zeman, considerado “o Méliès checo”, pelo músico francês Philippe Lenzini. A complementar as projecções há showcases, oficinas, ateliês e, como lhes chama a organização, “outras coisas para dar vida a outros filmes”.

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